segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Política Livre: Emanoel Araújo defende João Ubaldo e ataca Wagner

Política Livre

Além do cantor e compositor Chico Buarque, o artista plástico baiano Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro-Brasil e ex-diretor da Pinacoteca de São Paulo, e o musicólogo Ricardo Cravo Albin também se manifestaram esta semana em defesa do manifesto do escritor João Ubaldo Ribeiro contra a construção da ponte ligando Salvador a Itaparica.

- A Baía de Todos-os-Santos tem que ser tombada. Porque sempre foi motivo de relatos históricos de viajantes, como o de Maria Graham (escritora britânica, 1785-1842) e Maximiliano da Áustria, que descreve o esplendor. Não se pode simplesmente criar uma ponte cortando essa baía, porque ela tem uma inteireza, vai pelo Recôncavo e forma essa magnitude", disse Araújo, em entrevista ao Terra Magazine.

E ironizou: "Tem que ser respeitada essa geografia. Se quiser fazer um caminho rápido, que se faça por Feira de Santana. Esse anúncio da ponte é tão extraordinário que termina ficando somente no anúncio". Também criticou o governador: – O governador (Jaques Wagner) não tem credibilidade nenhuma. Isso é um anúncio de campanha eleitoral. Ubaldo, não se despeça de Itaparica, a ponte não vai sair! Mas a degradação da Ilha vai continuar por conta de todos os farofeiros. Não acredito que vão fazer essa ponte. E, além do mais, pra quê? Não tem sentido nenhum.

Segundo o Terra Magazine, para o ex-diretor do Museu de Arte da Bahia, o governo baiano "não tem a menor capacidade para tocar nenhum projeto com essa magnitude." – Tive a experiência do Museu Rodin. Eles tiveram sete anos pra organizar e o que fizeram lá é uma lástima. Cravo Albin, fundador do Museu da Imagem e do Som, outro que assinou o manifesto de João Ubaldo, também em entrevista ao Terra Magazine, vinculou "a cobiça de empreiteiras e imobiliárias sobre o paraíso ecológico baiano com o que ocorre em outras cidades brasileiras, a exemplo de Penedo, em Alagoas".

Considerado um dos maiores conhecedores da história da Música Popular Brasileira, o musicólogo deixou uma mensagem no momento em que apoiou o romancista baiano: – A indignação de Ubaldo não é só legítima e necessária. Vai além, muito além. É um grito – talvez uma prece até canônica – contra o farisaísmo dessa canalha que usurpa todo um País em nome – meu Deus! – do progresso. Eu nunca me acostumei a aceitar tamanha impostura e vilania. Empreendi, recordo agora, uma campanha para salvar a cidade colonial de Penedo, terra de minha mãe, de uma ponte medonha que ligaria Alagoas a Sergipe. E tive que lutar inclusive contra meus parentes. Mas vencemos.

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